Resultado do evento “Diálogos Transformadores”, filme apresenta debate entre especialistas para propor soluções ao tema
“Durante séculos, o Brasil viu as florestas como um empecilho para o
desenvolvimento. Olhá-la como uma fonte de possibilidades é uma grande
mudança que está acontecendo atualmente”. Com essa frase, Ana Cristina
Barros, da Ong The Nature Conservancy e ex-secretária de Biodiversidade e
Florestas do Ministério do Meio Ambiente, iniciou o web documentário
“Boas Práticas no Combate ao Desmatamento no Brasil”. O filme é
resultado do projeto Diálogos Transformadores, iniciativa do jornal
Folha de São Paulo realizado em parceria com a Unilever e a organização
Ashoka, que discutiu os desafios e caminhos para o combate ao
desmatamento no Brasil.
O debate, que reuniu líderes ambientais e especialistas de diferentes
áreas com mediação da jornalista Eliane Trindade, discutiu a questão do
desmatamento brasileiro no contexto atual. Entre os principais desafios
apresentados estão a expansão do agronegócio e a preservação da
natureza, a relação homem floresta associada ao manejo sustentável em
diferentes biomas, as políticas públicas relacionadas ao tema e o papel
da sociedade. Empreendedores sociais completaram a discussão trazendo
iniciativas práticas que alinham geração de renda e proteção do meio
ambiente.
O material completo está disponível em:
Progresso e preservação
Jerônimo Villas-Bôas, fundador do Kambôas Socioambiental, que incentiva
o cultivo de abelhas, atividade que depende da floresta em pé, explica
que hoje a grande causa do desmatamento no Brasil, muito mais do que a
exploração da madeira para diferentes usos, é o sistema agrícola voltado
para produção de alimento. No entanto, afirma Ana Cristina, o país pode
continuar a ser uma potência do agronegócio e expandir a sua produção
sem precisar derrubar mais nenhuma árvore. A produtividade por hectare,
seja de agricultura ou pecuária, é cada vez maior graças aos avanços
realizados.
A sociedade também tem o papel de demandar do governo e das empresas
que os compromissos assumidos sejam praticados, além de ser um agente da
mudança. Iniciativas locais também contribuem para mudar o cenário
atual. A Associação Caatinga, que trabalha há 17 anos buscando melhorar a
relação homem-caatinga na prática, e o O ‘Pocket Forest, iniciativa
criada por Ricardo Cardim, botânico e fundador da Amigos das Árvores de
São Paulo, um método de reflorestamento no meio urbano, foram dois casos
inspiradores apresentados no debate. ‘”A ideia é trazer de volta a
floresta nativa, na forma de ilhas para que nossos filhos possam
experimentar o sabor de um araçá, ver uma embaúba, criar uma nostalgia
com aquilo e entender a importância para sua vida e para o futuro”, diz
Ricardo.
O país é mais de 60% florestado: praticamente 80% da Amazônia e 54% do
cerrado ainda estão em pé. “É o único no mundo que não fabrica papeis
oriundos de uma floresta nativa, natural” exemplifica Elizabeth de
Carvalhaes, presidente da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores),
entidade que representa a cadeia produtiva de florestas plantadas. A lei
brasileira prevê que para cada um hectare plantado, é preciso ter 20%
de preservação de florestas naturais. A indústria tem 7,5 milhões de
hectares de florestas plantadas e outros 5,5 milhões de hectares
preservados além do exigido pela legislação. No entanto, 30% de toda a
energia consumida é de origem lenhosa, dos quais 90% de extração de
lenha clandestina.
Sergio Leitão, fundador do Instituto Escolha, estimou o investimento
necessário para recuperar o que já foi desmatado: R$ 52 bilhões que
poderão gerar mais de 225 mil empregos e uma arrecadação de R$ 6 bilhões
de impostos.
Outros caminhos e práticas foram apresentados durante o debate, que poder ser visto no web documentário “Boas Práticas no Combate ao Desmatamento no Brasil”. O encontro resultou também em um material de apoio
que reúne, além do ponto de vista de cada participante, dados de
institutos e pesquisas que fundamentam e contextualizam o tema de forma
simples e esclarecedora. Ambos estão disponíveis na página do Empreendedor Social da Folha de São Paulo.
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